Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

• a queda de 0,1% do índice de preços ao consumidor (CPI) de dezembro nos EUA reforçando que a inflação americana está desacelerando e estimulando apostas de ritmo menor de alta de juros pelo Fed, com aumento de 25 pontos-base dos Fed Funds na reunião de fevereiro. O CME Group apontava 93,2% de chance de uma dose nessa magnitude. Apesar dos sinais de que a inflação começou a arrefecer, economistas ainda esperam que taxas de juros mais altas levem a economia do país à recessão neste ano, segundo a última pesquisa trimestral do The Wall Street Journal feita com 71 economistas de 6 a 10 de janeiro,
• a queda dos rendimentos dos Treasuries na esteira também da redução nas projeções de inflação no curto prazo dos EUA, com queda da mediana para um ano de 5,2% para 5%. Além disso, o índice de sentimento do consumidor avançou de 59,7 em dezembro a 64,6 em janeiro, segundo informou a Universidade de Michigan com base em pesquisa preliminar, superando as previsões do mercado,
• a visão de melhora da economia da China impulsionando os preços de commodities e apreciação do real,
• a boa recepção à equipe técnica anunciada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet,
• a estratégia do Tesouro Nacional, que optou por leilões menores de prefixados,
• a declaração da ministra do Planejamento, Simone Tebet, de que tanto ela quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, serão “rigorosos sobre como gastar”,
• o IGP-M desacelerou a 0,32% na primeira prévia de janeiro, de alta de 0,35% no primeiro decêndio de dezembro,
• e o discurso protocolar do presidente do Fed, Jerome Powell, apenas repetindo o compromisso com a estabilidade de preços.

Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva de juros:

• o IPCA subiu 0,62% em dezembro, de 0,41% em novembro, acima do teto das estimativas, de 0,61%. A taxa acumulada no ano ficou em 5,79%, acima da mediana das projeções, de 5,60%, e da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. A média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo BC acelerou a 0,66%, de 0,41% em novembro. O índice de difusão subiu 10 pontos-base, para 68,97%,

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

• o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,55% em novembro na comparação com outubro, perto do piso de queda de 0,60% do intervalo das estimativas, a quarta queda consecutiva na margem, reforçando a tendência de desaceleração da economia sugerida por dados de varejo e serviços,
• o volume de serviços prestados ficou estável em novembro ante outubro, dentro das estimativas, confirmando a fraqueza da atividade e os impactos da política monetária restritiva imposta pelo Banco Central,
• as vendas do comércio varejista caíram 0,6% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, pior que a mediana negativa de 0,3%,
• a carta aberta do Banco Central ao Ministério da Fazenda para explicar o estouro da meta de inflação em 2022, reconhecendo que a inflação em 2023 deve se manter superior à meta estabelecida e citando a reoneração dos combustíveis. O limite de tolerância superior em 2023 é de 4,75%. “A inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022”, explicou,
• e as indicações de que o governo tende a ter uma postura mais moderada na área fiscal após o anúncio de ações para reduzir o déficit de cerca de R$ 230 bilhões no Orçamento e apresentação do primeiro pacote de medidas fiscais.

A conferir o que estará no radar do mercado

• o início do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que terá a participação dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) no dia 17 de janeiro. A expectativa é de que Haddad apresente a agenda econômica que já foi anunciada no Brasil, como o pacote de recuperação fiscal, o plano de criar um novo arcabouço fiscal e de aprovar uma reforma tributária.

O dólar no mercado à vista fechou a sessão da sexta-feira (13) cotado em R$ 5,1064, encerrando a semana em queda de 2,48%. No ano, perde 3,29%.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

• a expectativa de redução da intensidade do aperto monetário nos EUA. As taxas de dois, cinco e dez anos caíram abaixo da mínima de dezembro,
• a alta das commodities amparada pela expectativa de melhora da economia chinesa com a abertura após política de covid zero. Os futuros mais líquidos do petróleo registraram altas acima de 8% na semana,
• a resposta firme dos Três Poderes aos atos extremistas no domingo (8),
• o anúncio de um plano de ajuste fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizando uma preocupação do governo com as contas públicas,
• o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado um indicador prévio de desempenho do PIB brasileiro, caiu 0,55% em novembro na comparação com outubro, a 4ª queda mensal consecutiva. A queda foi maior que a esperada pelo mercado, que projetava retração de 0,2%. Com esse resultado, o IBC-Br nos últimos 12 meses mostra variação de +3,15% e de +3,26% no acumulado de 2022,
• o inverno mais ameno na Europa diminuindo o receio de recessão por lá,
• e a queda menor do que o esperado das importações e exportações chinesas em dezembro renovando o otimismo dos mercados com a economia do gigante asiático.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 16 a 20 de janeiro

Segunda-feira (16):

Brasil: o Relatório de Mercado Focus, a balança comercial semanal,

EUA: feriado em comemoração ao dia do pastor e ativista político Martin Luther King Jr deixa mercados fechados, 

Zona do Euro: a reunião do Eurogrupo, que reúne ministros de finanças, e o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, dá testemunho no Comitê do Tesouro do Parlamento britânico,

China: a produção industrial em dezembro, as vendas do varejo em dezembro e o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto tri, os investimentos em ativos fixos em dezembro,  

Suíça: começa o Fórum Econômico Mundial na cidade de Davos, reunindo mais de 2500 participantes de todo o mundo, com o Brasil representado por Fernando Haddad e Marina Silva,

Terça-feira (17):

Brasil: a divulgação do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de janeiro,

EUA: o Índice Empire State de atividade industrial de janeiro, com projeção de queda de 8,70% pelo mercado. Haverá também discurso de John Williams, membro do Comitê Oficial de Mercado Aberto (FOMC),

Zona do Euro: o Reino Unido divulga a taxa de desemprego no país. Alemanha divulga o índice ZEW de expectativas econômicas de janeiro e o CPI de dezembro, 

Suíça: os Ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) participam de painel no Fórum Econômico Mundial de Davos,

Quarta-feira (18):

Brasil: o fluxo cambial da semana de 9 a 13 de janeiro,

EUA: os dados de vendas no varejo de dezembro, o índice de preços ao produtor (PPI) do mesmo mês, a produção industrial de dezembro, os estoques de petróleo da semana até 13 de janeiro, o Fed divulga o Livro Bege, um sumário trazendo a percepção do ritmo da economia em cada um dos 12 distritos do Fed, divulgado 8 vezes por ano, duas semanas antes de cada reunião do FOMC, e é utilizado pelo comitê em sua decisão sobre as taxas de juros,

Zona do Euro: o índice de preço ao consumidor (CPI) anual e de dezembro,

Reino Unido: o CPI de dezembro, 

Japão: a reunião de política monetária do BC japonês (BoJ), que pode dar alguma sinalização menos dovish,

Suíça: o Fórum Econômico Mundial,

Quinta-feira (19):

Brasil: o IBGE divulga a taxa de desemprego de novembro, o IGP-M de janeiro (2º decêndio),

EUA: os pedidos de seguro desemprego na semana até 14 de janeiro, as construções de moradias iniciadas de dezembro e a permissão para novas obras também de dezembro (preliminar),

Suíça:  o Fórum Econômico Mundial, 

Sexta-feira (20):

Brasil: CNI: Sondagem Industrial de dezembro,

EUA: os discursos do presidente da representação do Fed na Filadélfia, Patrick Harker, e de Christopher Weller, também membro do FOMC, as vendas de moradias usadas de dezembro,  

Suíça: o Fórum Econômico Mundial.