Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 235

→ Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): declarações do presidente do executivo nacional sobre o nível dos juros, metas de inflação e autonomia do Banco Central.

Destaque(s): Risco Político.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (23), a projeção para o IPCA deste ano subiu de 5,39% para 5,48%, contra 5,23% há um mês, acima do teto da meta (4,75%). Para 2024, a projeção do índice oficial de inflação também avançou, de 3,70% para 3,84%, de 3,60% há quatro semanas. O centro da meta de 2024 é 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). O cenário para a inflação neste e nos próximos anos voltou a piorar após os questionamentos do presidente à autonomia do Banco Central, ao nível de juros e à meta inflacionária.

A semana no mercado de juros foi de forte acúmulo de prêmios de risco, mais acentuado na parte longa da curva a termo, amparado nas declarações do presidente sobre o nível dos juros, metas de inflação e autonomia do Banco Central. Houve diminuição da desinclinação da curva, considerando o spread  entre  os contratos  DI jan/27 e jan/24, que passou para -70 pontos, de -124 pontos na sexta-feira anterior (13). A leitura é de que o início de corte na taxa Selic pode demorar.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • a desconfiança do mercado, que está começando a precificar o risco de um alvo mais acima, sobre um possível ajuste nas metas de inflação. A meta central estipulada para 2025 é de 3,0%, mas a de 2026 ainda não foi definida. O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, termina no fim de 2024,
  • a piora na percepção de intervencionismo na política monetária num ambiente já de incerteza com riscos fiscais,
  • o receio quanto à diretoria de Política Monetária do BC depois que Bruno Serra deixar o cargo em 28 de fevereiro. O governo atua para indicar um substituto, enquanto o presidente Roberto Campos Neto tenta construir um consenso para a escolha,
  • a antecipação do mercados à uma possível nova alta nas medianas do IPCA no Boletim Focus na segunda-feira (23),
  • a ata do BCE reforçou a expectativa de alta de 50 pontos-base na taxa básica na zona do euro em fevereiro e, provavelmente em março,
  • as falas do presidente Lula sobre as mudanças no Imposto de Renda para aumentar a faixa de isenção a quem recebe até R$ 5 mil, e defendeu a política de valorização do salário mínimo atrelada ao crescimento da economia, avaliadas como inconsistentes com o plano de austeridade fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
  • o Livro Bege alertou para a inflação alta e que o mercado de trabalho segue apertado, o que embasaria uma política monetária apertada por um período mais extenso, como sinalizou o presidente do Fed em St. Louis, James Bullard, que defendeu que o Fed mova os juros “rapidamente” em direção aos 5%, e que a inflação irá desacelerar em 2023, mas não “tão rapidamente e drasticamente” quanto o mercado espera,
  • e a possibilidade de aumento do salário mínimo em 2023 acima dos R$ 1.320 previstos no Orçamento aprovado pelo Congresso, o que pode ampliar a pressão na inflação, num momento em que as expectativas não param de piorar.

Fizeram o contraponto mas não impediram a abertura da curva de juros:

  • a fala do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, garantindo que não há nenhuma predisposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central,
  • o presidente do BC, Roberto Campos Neto, contemporizou sobre a postura do presidente, dizendo que elas foram tiradas de contexto e que a autarquia tem de mostrar que vai agir de forma independente,
  • os dados fracos da inflação no atacado, bem como as quedas do varejo e da produção industrial nos EUA reforçando a aposta em desaceleração do ritmo de alta de juros pelo Fed nas suas próximas reuniões,
  • a melhora das expectativas para a economia da China em 2023. A segunda maior economia do mundo divulgou dados melhores que o esperado da indústria e varejo em dezembro, além do crescimento de 2,9% do PIB no quarto trimestre, acima da previsão (1,7%), ainda que o acumulado de 2022, em 3%, represente forte desaceleração ante 2021 (8,1%),
  • a alta de apenas 0,05% do IGP-10 de janeiro, muito abaixo do piso das estimativas (+0,20%), após a alta de 0,36% em dezembro. Em 12 meses está em 4,27%, o menor resultado desde novembro de 2019,
  • e os comentários “dovish” da vice-presidente do Fed, Lael Brainard, chancelando as apostas de diminuição da intensidade do aperto, ao ressaltar que a inflação tem diminuído e que os efeitos da política monetária ainda estão para ocorrer.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a sinalização para a área fiscal emitida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Davos, voltando a mencionar a meta de zerar o déficit até o ano que vem e se comprometendo em repensar o arcabouço fiscal até abril. O mercado tem dúvidas sobre a viabilidade de tais medidas,
  • e a Pnad Contínua, que mostrou que a taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,1% no trimestre encerrado em novembro, levemente acima da mediana de 8,0% das estimativas.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a reforma tributária e o ajuste fiscal, com destaque para o novo arcabouço que vai substituir o teto de gastos,
  • a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira (26) e os riscos de elevação das metas de inflação,
  • as mudanças na diretoria do Banco Central,
  • a viagem do presidente Lula à Argentina e a possibilidade de criação de uma moeda comum para transações financeiras e comerciais entre os dois países,
  • e a discussão no Congresso dos EUA sobre o aumento do limite de empréstimos do governo para evitar a paralisação de alguns serviços e pagamentos.

O dólar no mercado à vista terminou a sexta-feira (20) cotado a R$ 5,2077, encerrando a semana com valorização de 1,98% e queda de 1,37% em janeiro. No período de um ano carrega perdas de 3,85% ante o real.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

  • o cenário interno de incertezas fiscais e políticas,
  • os temores de que o governo tente interferir na condução da política monetária após as declarações do presidente de Lula à autonomia do Banco Central e à atual meta de inflação,
  • os debates em torno da indicação do substituto do diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, cujo mandato termina em 28 de fevereiro. O governo gostaria de um nome mais alinhado às suas diretrizes,
  • o efeito positivo vindo da reabertura da economia da China, que abandonou a política de covid zero,
  • os sinais de que o Fed vai reduzir o ritmo de aperto monetário,
  • a declaração do Diretor do Fed, Christopher Waller, que expressou apoio a um aumento de 25 pontos-base nos juros na próxima decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), em 1° de fevereiro. Ele se disse otimista com a possibilidade de um “pouso suave” da economia americana e ressaltou que, se houver recessão, “será breve e leve”,
  • o receio de recessão na Europa após os indicadores mais fracos de vendas no varejo britânico e de inflação ao produtor na Alemanha, em meio a mensagens hawkish da presidente do BCE, Christine Lagarde, de que pretende “manter o curso” na política monetária com foco no controle inflacionário,
  • e as falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que reforçou que cumprirá seu mandato até o fim, em dezembro de 2024, e as declarações do ministro-chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de que não há intenção de mudanças nos quadros da autarquia.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 23 a 27 de janeiro

Segunda-feira (23):

  • Brasil: o IPC-S da terceira quadrissemana de janeiro, o Relatório de Mercado Focus, os dados da balança comercial na terceira semana de janeiro,
  • Zona do euro: o índice de confiança do consumidor de janeiro (preliminar),
  • Alemanha: a Presidente do BCE, Christine Lagarde, faz discurso na Recepção Anual da Bolsa da Alemanha,
  • China: o Feriado do Ano Novo Lunar deixa mercados fechados em Hong Kong, Xangai, Shenzen e Taiwan.

Terça-feira (24):

  • Brasil: o IPCA-15 de janeiro,
  • EUA: o PMI composto de janeiro (preliminar), o PMI de serviços, o PMI industrial, o estoque de petróleo na semana até 20 de janeiro,
  • Zona do euro: o PMI composto de janeiro (preliminar), o PMI de serviços, o PMI industrial, a Presidente do BCE, Christine Lagarde participa de conferência sobre a entrada da Croácia na zona do euro,
  • Alemanha: o índice de confiança do consumidor de fevereiro, o PMI composto de janeiro (preliminar), o PMI de serviços, o PMI industrial,
  • Reino Unido: o PMI composto de janeiro (preliminar), o PMI de serviços, o PMI industrial,
  • China: o feriado do Ano Novo Lunar deixa mercados fechados em Hong Kong, Xangai, Shenzen e Taiwan,

Quarta-feira (25):

  • Brasil: feriado do aniversário de São Paulo mas a B3 funciona normalmente, a sondagem do consumidor de janeiro, o fluxo cambial na semana de 16 a 20 de janeiro,
  • EUA: o estoque de petróleo na semana até 20 de janeiro,
  • Alemanha: o índice de sentimento das empresas em janeiro,
  • China: o feriado do Ano Novo Lunar deixa mercados fechados em Hong Kong, Xangai, Shenzen e Taiwan,

Quinta-feira (26):

  • Brasil: o IPC de janeiro (3ª quadri), o INCC-M de janeiro, a sondagem da construção em janeiro, a Conta Corrente e o IDP de dezembro, o Relatório mensal da dívida em dezembro, o Plano Anual de Financiamento,
  • EUA: os pedidos de auxílio-desemprego na semana até 21 de janeiro, o PIB do 4º tri (primeira leitura) e de 2022, as encomendas de bens duráveis em dezembro, as vendas de moradias novas em dezembro,
  • China: o feriado do Ano Novo Lunar deixa mercados fechados em Xangai, Shenzen e Taiwan.

Sexta-feira (27):

  • Brasil: a sondagem da indústria em janeiro, a Nota de crédito de dezembro, o resultado primário do governo central em dezembro,
  • EUA: os gastos com consumo pessoal em dezembro, a renda pessoal, o índice de preços de gastos com Consumo (PCE) de dezembro, medida preferida de inflação do Fed, o núcleo do PCE, as vendas pendentes de imóveis em dezembro, o Índice de Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan em janeiro, as expectativas inflacionárias em 1 e 5 anos,
  • China: o feriado do Ano Novo Lunar deixa mercados fechados em Xangai, Shenzen e Taiwan.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

Curvas de Juros Anbima

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

Características do Tesouro Direto

Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Retornos Mensais e 12 Meses Ordenado

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