Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 236

→ Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): a persistência do mercado com medo da piora da situação fiscal doméstica.

Destaque(s): Risco Fiscal.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (30), a projeção para o IPCA deste ano saltou de 5,48% para 5,74%, contra 5,31% há um mês, acima do teto da meta (4,75%). Para 2024, horizonte que fica cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3,84% para 3,90%, de 3,65% há quatro semanas. O centro da meta de 2024 é 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%).

A semana na Renda Fixa foi de recomposição de prêmios nos DIs, refletindo a persistência do receio com a situação fiscal doméstica. A curva teve leve ganho de inclinação, com o diferencial entre os vértices 2025 e 2029 passando de 20 pontos na sexta-feira anterior (20), para 23 pontos.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • as dúvidas quanto à situação fiscal do País: de um lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o compromisso com uma nova âncora fiscal, mas de outro, o presidente do País falou em usar o BNDES para financiamentos externos e para governos estaduais e municipais, além de admitir ser necessária a discussão das perdas de ICMS geradas por lei aprovada durante a gestão anterior,
  • a declaração do presidente Lula, de que o BNDES vai voltar a financiar projetos para ajudar empresas brasileiras no exterior e “países vizinhos a crescer”,
  • a indefinição sobre a autonomia do Banco Central, bem como sobre o novo nome na diretoria de Política Monetária, os questionamentos sobre o nível de juros, e a desconfiança se as metas de inflação serão ajustadas para cima,
  • o leilão do Tesouro, com a melhora da demanda das NTN-Fs, preferido pelos não residentes, visto como um movimento maior de alocação em emergentes,
  • o resultado do PIB dos EUA no quarto tri, alta de 2,9% ante o mesmo período de 2021, superando o consenso dos analistas (2,5%), manteve a aposta majoritária de redução do ritmo de aumento para 25 pontos na reunião do dia 1º, mas colocou dúvidas sobre a ideia de que o fim do ciclo de alta de juros pelo Fed está próximo,
  • o IPCA-15 de 0,55% em janeiro, de 0,52% em dezembro e acima do consenso, também de 0,52%,
  • a contínua deterioração das medianas do IPCA no Relatório Focus,
  • e a cautela com os acordos do governo fechados com a Argentina, dado o histórico de default, na área de comércio e também com a perspectiva de financiamentos a projetos do país vizinho, bem como o debate sobre uma moeda comum para transações comerciais.

Fizeram o contraponto mas não impediram a abertura da curva de juros:

  • a percepção de que o aperto monetário nos EUA vai desacelerar e pode estar perto do fim sem que a economia americana apresente indícios de uma recessão mais profunda,
  • o índice de preços de gastos com consumo (PCE) trouxe números em linha com o esperado e sem mexer com apostas para o Fed, 25 pontos-base na próxima reunião dia 1º, 
  • o fluxo de recursos para emergentes, com a perspectiva de melhora da economia da China e ritmo menor de juros nos EUA,
  • o anúncio da Petrobras que vai elevar em 7,5% o preço da gasolina para as distribuidoras nas suas refinarias, lido por parte do mercado como um sinal de que o governo, apesar do prolongamento da isenção do ICMS até março, por hora não deve interferir na política de preços da Petrobras,
  • e os sinais de desaceleração da atividade global: os dados dos índices de gerentes de compras (PMI) na Europa ampliaram temores de recessão, enquanto os PMIs nos EUA seguem abaixo da marca de 50, que sinaliza retração da economia, mantendo a percepção de que o Fed deve reduzir o ritmo de alta de juro para 25 pontos-base na reunião do dia 1º.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida de 2023, com meta de estoque considerada agressiva pelo mercado,

A conferir o que estará no radar do mercado

  • as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), e do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (1º), e do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE) na quinta-feira (02),
  • o CME Group apontava quase 100% de chance de que o BC americano modere o ritmo de aumento de juros para 25 pontos-base, levando os Fed Funds para a faixa entre 4,50% e 4,75%, após elevação de 50 pontos-base em dezembro. Sinais de arrefecimento da inflação nos EUA (que atingiu o pico em julho de 2022 a 9,1% e fechou o ano em 6,5%) e a percepção de que as expectativas inflacionárias seguem ancoradas fortaleceram o argumento em favor de um aperto mais brando,
  • já a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse em mais de uma ocasião nas últimas semanas que pretende “manter o curso”, alimentando expectativas de que o ritmo de alta de juros deve ser mantido com elevação de 0,50 ponto,
  • com relação ao Copom, a expectativa majoritária do mercado é de manutenção da Selic em 13,75% ao longo do primeiro tri.

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (27) cotado a R$ 5,1120, terminando a semana com recuo de 1,84%, queda de 3,18% em janeiro e de 5,75% em um ano.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

  • a perspectiva de desaceleração do ritmo de elevação de juros nos EUA, o que deve melhorar a atratividade de ativos das economias emergentes,
  • a valorização das commodities com as perspectivas otimistas sobre a demanda chinesa,
  • os sinais contraditórios vindos do governo aumentando as preocupações com o rumo da política fiscal: de um lado as declarações do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de que Lula definirá com Estados e municípios um plano de investimentos em obras no País, o que aponta para aumento de gastos públicos, além de obras e financiamento do BNDES a outros países, e de outro, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, tentam reforçar agenda de controle de gastos,
  • a preparação do mercado para a “super quarta” (1º de fevereiro), com decisão de política monetária do Fed e do primeiro encontro do Copom após declarações do presidente do País à atuação do BC e à meta de inflação,
  • o índice de preços de gastos com consumo (PCE) em linha com o esperado, que reforçou a expectativa de postura menos hawkish por parte do Fed, o que se espera favorecer moedas emergentes,
  • e o fluxo cambial positivo.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 30 de janeiro a 03 de fevereiro

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 30 de janeiro a 03 de fevereiro

Segunda-feira (30):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, o IGP-M de janeiro, a Sondagem do comércio e de Serviços em janeiro, o resultado do Setor público consolidado em dezembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participará da reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),
  • EUA: o FMI publica o relatório Perspectiva Econômica Mundial,
  • Zona do euro: o Índice de sentimento econômico em janeiro, o índice de confiança do consumidor em janeiro, 
  • Alemanha: o PIB do 4º tri de 2022 (preliminar),
  • China: os PMIs composto, serviços e industrial de janeiro, o lucro industrial em dezembro.

Terça-feira (31):

  • Brasil: o Indicador de Incerteza da Economia de janeiro,
  • EUA: o Índice de Custo de Emprego no 4º tri de 2022, o PMI de janeiro, o índice de confiança do consumidor em janeiro, os estoques de petróleo na semana até 27 de janeiro, 
  • Zona do euro: o PIB do 4º tri de 2022 (preliminar),
  • Alemanha: as vendas no varejo em dezembro de 2022, o CPI de janeiro (preliminar), o Núcleo do CPI de janeiro (preliminar),
  • China: o PMI industrial de janeiro. 

Quarta-feira (1º):

  • Brasil: o IPC-S de janeiro (encerramento), o PMI industrial de janeiro, o Fluxo Cambial na semana de 23 a 27 de janeiro, a Balança comercial em janeiro, as eleições para as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, a decisão da Selic,
  • EUA: o relatório sobre criação de empregos no setor privado em janeiro, o PMI industrial de janeiro (final), o Relatório sobre empregos (Jolts) de dezembro, o PMI industrial de janeiro, os Investimentos em construção de dezembro, os estoques de petróleo na semana até 27 de janeiro, o PMI industrial global em janeiro, a decisão de política monetária, a coletiva com o presidente do Fed, Jerome Powell,
  • Zona do euro: o PMI industrial de janeiro (final), a taxa de desemprego em dezembro, o índice de preços ao consumidor (CPI) de janeiro (preliminar), o núcleo do CPI de janeiro (preliminar), 
  • Alemanha: o PMI industrial de janeiro (final), 
  • Reino Unido: o PMI industrial de janeiro (final).

Quinta-feira (02):

  • Brasil: o IPC de janeiro, o IPC-S Capitais de janeiro (encerramento), os Indicadores Industriais de dezembro, os emplacamentos de veículos em janeiro, 
  • EUA: as encomendas à indústria em dezembro, os pedidos de auxílio-desemprego na semana até 28 de janeiro,
  • Zona do euro: o BCE divulga a decisão de política monetária, a coletiva com a presidente do BCE, Christine Lagarde, 
  • Reino Unido: o BoE divulga a decisão de política monetária, 
  • China: o PMI composto em janeiro, o PMI de serviços.

Sexta-feira (03):

  • Brasil: a Pesquisa Industrial Mensal de dezembro, o PMI composto e o de serviços de janeiro,
  • EUA: o relatório mensal de empregos (payroll) de janeiro, a taxa de desemprego, o salário médio por hora, o PMI composto de janeiro (final), o PMI de serviços, o Índice de atividade do setor de serviços em janeiro, o PMI de serviços global de janeiro, os poços de petróleo em operação,
  • Zona do euro: o PMI composto de janeiro (final), o PMI de serviços, o PPI de dezembro, 
  • Alemanha: o PMI composto de janeiro (final), o PMI de serviços,
  • Reino Unido: o PMI composto de janeiro (final), o PMI de serviços. 

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

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