Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 240

→ Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): juros pressionado por leituras acima do esperado para a inflação ao consumidor nos EUA (PCE) e no Brasil (IPCA-15).

Destaque(s): Inflação EUA e Brasil.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (27), a projeção para o IPCA deste ano subiu marginalmente, de 5,89% para 5,90%, bem acima do teto da meta (4,75%), a 11ª alta consecutiva. Um mês antes, a mediana era de 5,74%. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção continuou em 4,02%, de 3,90% há quatro semanas. A mediana para 2024 está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.

A semana do carnaval terminou com o mercado de juros pressionado por leituras acima do esperado para a inflação ao consumidor nos EUA (PCE) e no Brasil (IPCA-15). O avanço dos juros futuros ao longo de toda curva praticamente não alterou os níveis de inclinação. O diferencial entre os vértices janeiro de 2029 e janeiro de 2025 fechou em 63 pontos-base, de 65 pontos na sexta-feira anterior (17).

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • a percepção de que a evolução dos preços ainda requer política monetária em viés restritivo nos EUA. O núcleo do índice de preços dos gastos com consumo (PCE) de janeiro, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, com alta de 0,6%, veio acima do previsto (+0,5%), reforçando as apostas de que o Fed deve colocar a taxa terminal acima de 5%, e a chance de elevação de 50 pontos-base na reunião em março, embora continue majoritária a expectativa de alta de 25 pontos. O núcleo, na comparação anual, está em 4,7%, enquanto a meta é de 2%. O índice PCE é a medida de inflação usada pelo Fed para as decisões de política monetária,
  • o salto nas vendas de moradias novas em janeiro, de 7,2%, superando a previsão de 0,6%, assim como o avanço no sentimento do consumidor (67) também acima da expectativa (66,4), endossando a leitura de que atividade aquecida é um risco para a inflação,
  • a leitura negativa do IPCA-15 de fevereiro (0,76%), de 0,55% em janeiro, acima da mediana das estimativas (0,72%). Em 12 meses, a alta foi de 5,63%, superando a mediana das projeções (+5,58%). O mercado também não gostou dos preços de abertura, sobretudo com serviços rodando ainda em patamar elevado, acima de 7% em 12 meses. A média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central avançou a 0,68%, ante 0,58% em janeiro, mais intensa do que a prevista pela mediana (0,63%),
  • o desconforto com a indefinição sobre a reoneração dos impostos sobre combustíveis (previstas para o início de março) e seus impactos na política de preços da Petrobras e na inflação, à revelia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ala política pressiona pela renovação da medida, temendo impacto na popularidade do governo,
  • a leitura da pesquisa Focus (22), que trouxe forte deterioração nas expectativas de inflação de longo prazo. A mediana de IPCA em 2025 disparou de 3,60% para 3,78%, ainda mais distante da meta central de 3,00%,
  • e o pessimismo sobre a economia americana, dada a sinalização do Fed, endossado pela ata da reunião de fevereiro, de que pode sacrificar a atividade em prol de colocar a inflação na meta de 2%. A ata admite que “um crescimento abaixo da tendência seria necessário para reduzir a inflação” e traz ainda que alguns dirigentes defenderam aumento de 50 pontos-base no juro.

Fizeram o contraponto mas não impediram a abertura da curva de juros:

  • o resultado do PIB americano do 4º tri, de +2,7% na segunda estimativa, levemente abaixo do consenso de 2,9%, trouxe algum alívio na tensão sobre o quanto o Fed pode avançar no ciclo de contração monetária, após o estresse trazido pela ata.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • os dados da arrecadação de impostos e contribuições federais de janeiro de R$ 251,745 bilhões, novo recorde para o mês e representa um aumento real (descontada a inflação) de 1,14% na comparação com o primeiro mês do ano passado, quando o recolhimento de tributos somou R$ 235,321 bilhões. O resultado ficou um pouco acima da mediana das estimativas, de R$ 250,367 bilhões.
  • e o noticiário sobre a doença da vaca louca.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • Brasil:

a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto tri e de 2022, na quinta-feira (2). Na pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, a mediana das expectativas para o dado trimestral na margem é de queda de 0,1%, e para o ano fechado, de alta de 3,00%,

e a troca dos diretores do Banco Central,

  • EUA:

a questão do processo de aperto monetário após tanto a ata do Fed quanto o índice de preços dos gastos com consumo (PCE) terem apontado para um ciclo mais pesado de aumento dos juros.

O dólar no mercado à vista terminou a sessão da sexta-feira (24) cotado a R$ 5,1987, encerrando a semana encurtada pelo feriado de Carnaval com ganhos de 0,72%, e acumulando valorização de 2,40% em fevereiro.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana no mercado doméstico de câmbio foram:

  • a leitura acima do esperado do índice de preços de gastos com consumidor (PCE) nos EUA reforçando a perspectiva de mais elevações de juros pelo Fed. O núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,6% em janeiro, acima do esperado (0,5%). Na comparação anual, a alta foi de 4,7%, ante expectativa de 4,4%. A perspectiva é de taxa de juros mais próxima de 5,5% que de 5% no fim do ciclo,
  • os relatos de saída de capitais estrangeiros do País. “O PCE norte-americano indica necessidade de novas altas de juros pelo Fed, atraindo capitais para os EUA em detrimento de moedas emergentes”,
  • o desconforto com a incerteza em torno da reoneração dos combustíveis e seus impactos na política de preços da Petrobras e na inflação,
  • a formação da taxa Ptax do fim de fevereiro na terça-feira (28),
  • a aceleração do IPCA-15 de 0,55% em janeiro para 0,76% em fevereiro, acima da mediana (+0,72%), reduzindo o espaço para cortes da Selic, em meio ainda à contínua deterioração das expectativas de inflação,
  • os dados do setor externo do País, com déficit nas transações correntes maior que a mediana e IDP abaixo do esperado em janeiro,
  • e a expectativa pela apresentação do novo arcabouço fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para março.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 27 de fevereiro a 03 de março

Segunda-feira (27):

  • Brasil: o IGP-M de fevereiro, a Sondagem da Indústria em fevereiro, o Boletim Focus, a Nota de Política monetária e operações de crédito de janeiro, o Resultado primário do Governo Central em janeiro,
  • EUA: as encomendas de bens duráveis em janeiro, as vendas pendentes de imóveis em janeiro, o membro do Conselho do Fed, Philip Jefferson, participa de evento em Harvard,
  • Zona do euro: o Índice de sentimento econômico em fevereiro, o índice de confiança do consumidor em fevereiro (final),

Terça-feira (28):

  • Brasil: a sondagem do Comércio de fevereiro, a sondagem de Serviços de fevereiro, a PNAD Contínua de dezembro, a nota do setor público consolidado,
  • EUA: os estoques no Atacado de janeiro (preliminar), ISM/Chicago: PMI de fevereiro, o índice de confiança do consumidor em fevereiro, os estoques de petróleo na semana até 24 de fevereiro, os estoques de gasolina e de destilado,
  • China: o PMI composto, o PMI de serviços, o PMI industrial, de fevereiro,

Quarta-feira (01):

  • Brasil: o IPC-S semanal, o Indicador de Incerteza da Economia de fevereiro, o Índice PMI da indústria de transformação de fevereiro, o Fluxo cambial semanal, a Balança comercial mensal em fevereiro,
  • EUA: o PMI industrial de fevereiro, os Investimentos em construção em janeiro, os Estoques de petróleo na semana até 24 de fevereiro, os Estoques de gasolina e de destilados, a taxa de utilização das refinarias,
  • Zona do euro: o PMI industrial de fevereiro (final),
  • Alemanha: as vendas no varejo em janeiro, o PMI industrial de fevereiro (final), o CPI de fevereiro (preliminar),
  • Reino Unido: o PMI industrial de fevereiro (final), o Presidente do BoE, Andrew Bailey, participa de evento da Coin Street Social Enterprise,
  • Mundo: S&PGlobal/JPMorgan: o PMI industrial global de fevereiro,

Quinta-feira (02):

  • Brasil: o IPC calculado pela Fipe em fevereiro, o PIB do 4º tri, os Emplacamentos de veículos em fevereiro,
  • EUA: os pedidos de auxílio-desemprego na semana até 25 de fevereiro,
  • Zona do euro: a taxa de desemprego em janeiro, o índice de preços ao consumidor (CPI) de fevereiro (preliminar), o Núcleo do CPI, o BCE divulga a ata sobre a última decisão monetária,
  • Reino Unido: o Economista-chefe do BoE, Huw Pill, participa da Semana do País de Gales em Londres,
  • China: o PMI composto de fevereiro, o PMI de serviços,

Sexta-feira (03):

  • Brasil: o Índice PMI composto de fevereiro,
  • EUA: o PMI composto de fevereiro (final), o PMI de serviços de fevereiro, os poços de petróleo em operação, o Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, participa de painel durante Conferência do Fed de Nova York, os discursos de vários dirigentes do Fed,
  • Zona do euro: o PMI composto de fevereiro (final), o PMI de serviços, o PPI de janeiro,
  • Alemanha: o PMI composto de fevereiro (final), o PMI de serviços,
  • Reino Unido: o PMI composto de fevereiro (final), o PMI de serviços.

Fonte: Broadcast

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

Curvas de Juros Anbima

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

Características do Tesouro Direto

Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Retornos Mensais e 12 Meses Ordenado

Ranking Mensal Colorido de Rentabilidades Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI