Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 242

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Highlights (Resumo): Forte Queda nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): expectativas positivas sobre o novo arcabouço fiscal.

Destaque(s): Risco Fiscal

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (13), a projeção para a inflação de 2023 passou de 5,90% para 5,96%, se afastando ainda mais do teto da meta (4,75%). Um mês antes, a mediana era de 5,79%. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção continuou em 4,02% pela terceira semana seguida, acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.

A semana na Renda Fixa foi de retirada de prêmios de risco ao longo de toda a curva a termo, basicamente amparada nas expectativas positivas sobre o novo arcabouço fiscal. A curva de juros perdeu inclinação, considerando o diferencial entre os vértices janeiro de 2029 e janeiro de 2025, que fechou em 67 pontos-base, de 72 pontos na sexta-feira anterior (03). A curva a termo seguiu precificando pequenas chances de início de redução da taxa básica de 13,75% em maio, de 25 pontos-base.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • as chances de um ritmo menor, de 0,25 ponto, de alta dos Fed Funds no encontro de março voltando a ser majoritárias após o payroll nos EUA, que trouxe criação de 311 mil vagas em fevereiro, acima das estimativas, mas avanço do desemprego, bem como aumento nos salários abaixo do esperado,
  • o otimismo sobre o novo mecanismo fiscal que, segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, “vai agradar a todos, inclusive ao mercado”, porque atende tanto o lado da preocupação em zerar o déficit fiscal e estabilizar a relação dívida/PIB, quanto garantir os investimentos necessários para o País voltar a crescer. A entrega do novo marco fiscal pode fazer com que o Copom antecipe o ciclo de queda da Selic neste ano,
  • as discussões relacionadas aos sinais de enfraquecimento do setor de crédito também aumentam a possibilidade de um corte antecipado da Selic,
  • a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está participando do processo de seleção de potenciais nomes para a diretoria do BC, cujos mandatos dos atuais ocupantes terminaram em 28 de fevereiro,
  • e o Boletim Focus (6) trazendo estabilidade nas projeções para IPCA após semanas de piora na percepção para a inflação.

Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva de juros:

  • o IPCA de fevereiro, de 0,84%, superando a mediana (0,78%), ficando mais perto do teto de 0,89%, e com preços de abertura que não agradaram. Pressionada pela alta nos preços de Educação, a inflação de serviços mais que dobrou, saindo de 0,60% em janeiro para 1,41% em fevereiro, maior resultado da série histórica iniciada em 2012. Em 12 meses, foi de 7,84% em fevereiro. Esse resultado reduziu um pouco os ânimos com um corte da Selic em maio,
  • o aumento da aversão ao risco global gerada pelo fechamento do Silicon Valley Bank (SVB), o maior banco americano a quebrar desde a crise financeira de 2008,
  • a piora da percepção de risco fiscal com o acordo entre governo e Estados para compensação de perdas do ICMS,
  • e o testemunho do presidente do Fed, Jerome Powell, no Senado e na Câmara dos EUA. De acordo com Powell, como os indicadores econômicos mais recentes vieram mais fortes do que o previsto, o juro terminal nos Estados Unidos deve ser mais alto que o esperado. A taxa da T-Note de 2 anos superou 5,00% pela primeira vez desde junho de 2007 e a inversão na curva entre as T-Notes de 2 e 10 anos atingiu a maior amplitude desde 1981, com o spread negativo de mais de 100 pontos-base.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a desaceleração do IGP-DI de fevereiro. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta de 0,04% em fevereiro, após uma elevação de 0,06% em janeiro, abaixo da mediana positiva de 0,05%.
  • e o IGP-M recuando 0,20% na primeira prévia de março, após cair 0,23% na mesma leitura de fevereiro.

A conferir o que estará no radar do mercado

Brasil:

  • a apresentação da nova regra fiscal,
  • a taxa de desemprego de janeiro na sexta-feira (17), junto com a pesquisa Pnad  Contínua, com projeção de 8,3%, ante 7,9% em dezembro,

EUA:

  • a divulgação da inflação americana (CPI) em fevereiro na terça-feira (14), que ajuda a balizar as projeções para a reunião do Fed,
  • os desdobramentos da quebra do banco Silicon Valley Bank (SVB) e a reprecificação do ciclo de aperto monetário do Fed. No CME Group, a probabilidade de um aumento de 0,25 ponto, para o intervalo entre 4,75% e 5% continua majoritária, mas a chance de manutenção dos juros na atual faixa de 4,5% a 4,75% começa a ganhar força,

Zona do Euro:

  • a decisão de juros da União Europeia pelo BCE na quinta-feira (16), com projeção de elevação.

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (10) cotado a R$ 5,2082, terminando a semana com ganhos de 0,15%. Em março, o dólar acumula queda de 0,32% ante o real e, em 2023, perde 1,36%.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana no mercado doméstico de câmbio foram:

  • os dados mistos do relatório de emprego (payroll) nos EUA arrefecendo as apostas de alta da taxa de juros em 50 pontos-base no encontro de política monetária do Fed no próximo dia 22. O payroll mostrou criação de 311 mil vagas em fevereiro, acima da mediana (220 mil) e do teto (300 mil). Por outro lado, os dados de salário e horas trabalhadas vieram um pouco mais baixos, o que se reflete na inflação,
  • os sinais de estresse no setor financeiro americano com o fechamento do Silicon Valley Bank (SVB), o maior banco dos EUA a quebrar desde a crise financeira de 2008,
  • a decepção com a meta de crescimento de 5% anunciada pela China para 2023. O anúncio vem após o avanço de 3% em 2022, o segundo nível mais fraco desde pelo menos a década de 1970,
  • o desconforto com a inflação mais forte do que o esperado aqui no Brasil. O IPCA acelerou de 0,53% em janeiro para 0,84% em fevereiro, acima da mediana (0,78%),
  • e o otimismo com a expectativa pelo anúncio do novo arcabouço fiscal. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, declarou que a “proposta agradará a todos, inclusive o mercado”.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 13 a 17 de março

Segunda-feira (13):

  • Brasil – BC: Boletim Focus, Secex: Balança comercial (semanal),
  • Zona do euro: Reunião do Eurogrupo,

Terça-feira (14):

  • EUA – Deptº do Trabalho: o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de fevereiro, API: estoques de petróleo na semana até 10 de março, a Dirigente do Fed, Michelle Bowman, discursa em evento sobre modernização do sistema bancário,
  • Japão: o BoJ publica ata da reunião de política monetária entre 17 e 18 de janeiro,
  • China – NBS: produção industrial de Janeiro e Fevereiro, as Vendas no varejo, os Investimentos em ativos fixos, NBS: Investimento estrangeiro direto (FDI) em fevereiro, o PBoC divulga taxa de juros de referência de empréstimos de 1 ano,
  • Zona do euro: a Reunião do Ecofin,

Quarta-feira (15):

  • Brasil – BC: o Fluxo cambial (semanal),
  • EUA – Deptº do Trabalho: Índice de Preços ao Produtor (PPI) de fevereiro, Deptº do Comércio: Vendas no varejo de fevereiro, Fed NY: índice de atividade industrial Empire State em março, NAHB: Índice de Confiança das Construtoras em março, DoE: Estoques de petróleo na semana até 10 de março,
  • Zona do euro – Eurostat: a produção industrial de janeiro,
  • Reino Unido: o Ministro das Finanças, Jeremy Hunt, divulga orçamento para primavera europeia,

Quinta-feira (16):

  • Brasil – FGV: IPC-S (semanal), FGV: IGP-10 de março, CNI: Sondagem Industrial de fevereiro,
  • EUA – Dept°. do Comércio: construções de moradias iniciadas em fevereiro, Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 11 de março,
  • Zona do euro: o BCE divulga decisão de política monetária, seguida por coletiva de imprensa de sua presidente, Christine Lagarde,

Sexta-feira (17):

  • Brasil – Fipe: IPC (semanal), IBGE: PNAD Contínua de janeiro,
  • EUA – Fed: Produção industrial em fevereiro, Universidade de Michigan: Índice de Sentimento do Consumidor (preliminar) em março, as expectativas de inflação em 1 e 5 anos, Baker Hughes: os poços e plataformas de petróleo em operação,
  • Zona do euro – Eurostat: CPI (final) em fevereiro, Eurostat: a balança comercial de janeiro.

Fonte: Broadcast

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

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Características do Tesouro Direto

Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Retornos Mensais e 12 Meses Ordenado

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