Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 243

→ Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): leitura que prevaleceu na semana é a de que o risco de um “credit crunch” global pressionaria os bancos centrais a adotarem uma postura mais dovish, diante dos riscos de recessão.

Destaque(s): Risco Sistêmico.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (20), a projeção para a inflação de 2023 ficou praticamente estável, oscilando de 5,96% para 5,95%, bem acima do teto da meta (4,75%). Um mês antes, a mediana era de 5,89%. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção aumentou de 4,02% para 4,11% após três semanas de estabilidade, acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.

A semana na Renda Fixa foi de retirada de prêmios de risco em toda a estrutura a termo, de forma mais acentuada na parte curta e intermediária, resultando em ganho de inclinação da curva. O spread entre os contratos para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 passou de 67 pontos na sexta-feira anterior (13), para 87 pontos. A leitura é a de que o risco de um “credit crunch” global pressionaria os bancos centrais a adotarem uma postura mais dovish, diante dos riscos de recessão. Houve reprecificação das apostas de política monetária tanto no Brasil quanto nos EUA. A curva aponta chance de início do ciclo de corte da Selic no Copom de maio.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • o fechamento expressivo da curva dos Treasuries amparado nas chances de menos altas dos juros nos EUA diante do temor de recessão. A taxa da T-Notes de 2 anos caiu 77 pontos,
  • o ambiente no mundo mais incerto e com viés desinflacionário. O petróleo, variável de grande peso para a inflação via preços de combustíveis, caiu 10% na semana, dado o temor quanto ao crescimento econômico global,
  • o programa de emergência do Fed às instituições para tentar conter os efeitos do colapso sobre o sistema bancário,
  • a sinalização dada pelo Banco Central Europeu (BCE) ao confirmar a dose de 50 pontos-base no juro também amenizou a percepção negativa sobre a atividade que vinha sendo alimentada pelos problemas no sistema financeiro,
  • as declarações da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, de que não enxerga um cenário de crise de liquidez, e que o setor bancário está em posição mais forte do que em 2008, quando a quebra do Lehman Brothers disseminou uma crise financeira a nível mundial,
  • a percepção de que os juros devem subir menos nos EUA em meio ao temor de recessão gerada por uma crise bancária após o colapso de dois bancos americanos e os problemas do Credit Suisse. A aposta de que o Fed vai aumentar 25 pontos-base nos Fed funds para 4,75% e 5,00% no dia 22 segue majoritária na precificação do CME Group,
  • o mercado ampliou a probabilidade de queda de 0,25 ponto porcentual em maio na atual Selic de 13,75% e manutenção nesta reunião de março,
  • a Pnad Contínua mostrando desaquecimento no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego subindo a 8,4% no trimestre até janeiro, a primeira elevação em um ano. O resultado ficou acima da mediana das estimativas de 8,2%,
  • a expectativa positiva pela apresentação da nova regra fiscal, fator tido como chave para o que deverá ser o comunicado do Copom,
  • e a estabilidade das estimativas do IPCA para 2024 e 2025 na pesquisa Focus (13).

Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva de juros:

  • as declarações de autoridades que trouxeram certa cautela na área fiscal. O diretor financeiro do BNDES, mostrando preocupação com redução da carteira de crédito da instituição, e do Presidente Lula, que em reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), prometia trabalhar para que bancos públicos emprestem dinheiro aos municípios,
  • e o índice de preços ao consumidor (CPI) de fevereiro dos EUA, que subiu 0,4% em fevereiro no índice cheio, em linha com o consenso, mas alta de 0,5% do núcleo superando a mediana das estimativas (0,4%), com preços de serviços rodando em níveis elevados.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,05% em março, após a alta de 0,02% em fevereiro, abaixo da mediana positiva de 0,08%,

A conferir o que estará no radar do mercado

Brasil:

  • a decisão de política monetária do Copom na quarta-feira (22). O consenso do mercado é de manutenção da Selic em 13,75%. É esperado também que o Copom modere o tom no comunicado,
  • o IPCA-15 de março na sexta-feira (24),
  • e a apresentação do novo arcabouço fiscal elaborado pela equipe econômica, aguardada até sexta-feira (24) quando o presidente Lula viaja à China.

EUA:

  • também na quarta-feira (22), o Fed anuncia sua decisão sobre a taxa dos fed funds, e a aposta majoritária é de aumento de 25 pontos-base, para 4,75% e 5,00%. Há expectativa de um discurso mais “dovish” dados os sinais de arrefecimento da atividade e riscos para o sistema financeiro após a quebra do SVB e do Signature, e problemas de liquidez no Credit Suisse e First Bank Republic.

Europa

  • a decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE) na quinta-feira (23).

O dólar no mercado à vista terminou a sessão da sexta-feira (17) cotado a R$ 5,2702, encerrando a semana com valorização de 1,19%.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana no mercado doméstico de câmbio foram:

  • o aumento da aversão a risco no exterior com temores de crise no sistema financeiro americano e europeu,
  • as cotações do petróleo, com o tipo Brent para maio fechando a US$ 72,97 de US$ 82,78 na sexta-feira anterior (10),
  • a incerteza em relação aos desdobramentos da crise nos bancos médios nos EUA e no Credit Suisse,
  • a queda de 77 bps da taxa do Treasury de 2 anos, mais ligada à perspectiva para o rumo da taxa básica americana, voltando a operar abaixo da linha de 4,00%,
  • o sentimento de insegurança com a vulnerabilidade bancária, mesmo com os anúncios de ajuda aos bancos, como o Credit Suisse.
  • a preocupação com o crescimento econômico mundial,
  • os esforços da China, onde o Banco Central anunciou afrouxamento monetário na tentativa de impulsionar o crescimento econômico este ano,
  • e a expectativa da apresentação da proposta do novo arcabouço fiscal, que se espera ver anunciado antes da viagem do presidente Lula à China, prevista para ocorrer entre os dias 26 e 31 deste mês.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 20 a 24 de março

Segunda-feira (20):

Brasil:  BC – Relatório Focus, FGV – IGP-M de março (2º decêndio), Secex – Balança comercial semanal,

Zona do euro: Eurostat – balança comercial de janeiro,

Alemanha: Destatis – PPI de fevereiro.  

 

Terça-feira (21):

Brasil: Tesouro – Leilão de LFT para 1º/3/2026 e 1º/3/2029 e de NTN-B para 15/8/2026, 15/5/2033 e 15/8/2050,

EUA: NAR – vendas de moradias usadas em fevereiro, EUA – API: estoques de petróleo na semana até 17 de março,

Alemanha – ZEW: Índice de expectativas econômicas em março,  

Bélgica – Dirigente do BCE, Andrea Enria, e o presidente da Autoridade Bancária Europeia, José Manuel Campa, discutem implicações da quebra do SVB para sistema bancário europeu, no Parlamento Europeu,

Japão: Feriado do Dia do Equinócio deixa mercados fechados,     

Quarta-feira (22):

Brasil – CNI/ICEI: Resultados Setoriais de março, BC: Fluxo Cambial da semana de 13 a 17 de março, BC: anúncio da taxa básica de juros,

EUA – DoE: estoques de petróleo na semana até 17 de março, o Fed divulga decisão sobre juros, o Presidente do Fed, Jerome Powell, concede coletiva de imprensa sobre decisão de juros, a Secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, testemunha no subcomitê de Apropriação de Moradias sobre orçamento de 2024,

Reino Unido – ONS: CPI de fevereiro,  

 

Quinta-feira (23):

Brasil – FGV: IPC-S semanal, Tesouro: Leilão de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2033 e de LTN para 1º/10/2023, 1º/4/2025 e 1º/7/2026,

EUA – Dept°. do Comércio: Permissão para novas obras em fevereiro (final), Fed Chicago: índice de atividade nacional em fevereiro, Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 18 de março, Deptº do Comércio: Vendas de moradias novas em fevereiro, o Presidente americano, Joe Biden, realiza visita ao Canadá,

Zona do euro – Comissão Europeia: índice de confiança do consumidor em março (preliminar), Reunião do Conselho Europeu,

Reino Unido – BoE divulga decisão monetária,

Japão – S&P Global /Jibun Bank: PMI composto de março, PMI Industrial, PMI de serviços,  

 

Sexta-feira (24):

Brasil – FGV: IPC-S Capitais semanal, IBGE: IPCA-15 de março,  

EUA – Deptº do Comércio: Encomendas de bens duráveis em fevereiro, S&P Global: PMI composto de março, (preliminar), PMI Industrial, PMI de serviços, Baker Hughes: poços e plataformas de petróleo em operação,  

Zona do euro – Reunião do Conselho Europeu, S&P Global: PMI composto de março (preliminar), PMI Industrial, PMI de serviços,

Alemanha – S&P Global: PMI composto de março (preliminar),

Reino Unido – ONS: vendas no varejo em fevereiro, S&P Global/CIPs: PMI composto em março (preliminar), PMI industrial, PMI de serviços,

China – Presidente Lula realiza viagem com delegação brasileira à China.

Fonte: Broadcast

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

Curvas de Juros Anbima

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

Características do Tesouro Direto

Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Retornos Mensais e 12 Meses Ordenado

Ranking Mensal Colorido de Rentabilidades Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI