Highlights (Resumo): Alta nas Taxas Juros
Principal(is) vetor(es): o mercado de renda fixa brasileiro foi marcado por forte volatilidade e sensibilidade a fatores fiscais e externos. A semana começou com uma inclinação da curva de juros, impulsionada por expectativas inflacionárias mais benignas e queda nos preços da gasolina, enquanto os vértices longos foram pressionados pela alta dos Treasuries e incertezas fiscais. Na terça-feira, a curva longa recuou com a expectativa de medidas alternativas ao aumento do IOF, mas o movimento perdeu força após o adiamento de anúncios oficiais. Na quarta, a leve desinclinação da curva refletiu o alívio externo com dados fracos nos EUA, embora as incertezas fiscais internas limitassem o movimento. Já na quinta-feira, os juros subiram fortemente com a crescente percepção de que o Copom pode retomar o ciclo de alta da Selic, diante de dados robustos de atividade e postura mais cautelosa do Banco Central. Por fim, na sexta-feira, o mercado reverteu parte da alta, com melhora na percepção sobre as medidas fiscais e valorização do real, apesar da pressão dos Treasuries. A semana consolidou um cenário de cautela, com o mercado reavaliando a trajetória da Selic e atento ao desfecho das negociações fiscais entre Executivo e Legislativo.
Destaque(s): Treasuries, Copom e Risco Fiscal.
O mercado de juros futuros (DI da B3) reduziu suas expectativas de quedas da Selic em relação à sexta-feira anterior.
A projeção para as próximas 14 reuniões do Copom subiu de -169 para -148 pontos-base. O CDI termina 2026 em 13,18% de 12,96% a.a. da semana anterior.
Para o fim de 2025 (próximas 5 reuniões), a expectativa subiu para 27 ptb de 9 pontos-base, com o CDI terminal projetado em 14,92% ao ano de 14,74% a.a. na semana anterior.
Já as expectativas dos economistas, medidas pela mediana do Boletim Focus dos últimos 5 dias, indicam uma queda total de 0 pontos-base para 2025, com o CDI encerrando o ano em 14,65%. Para 2026, a projeção Focus aponta um CDI terminal de 12,40 (- 225 ptb).
No Relatório de Mercado Focus da semana, a projeção para a inflação oficial de 2025 caiu de 5,46% para 5,44%. Há um mês, a mediana era de 5,53% , acima do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%, e do alvo central de 3,0%. Para 2026, a projeção se manteve em 4,50% para 4,50%, enquanto há um mês estava em 4,51%.
A mediana da Taxa Selic – Meta (% a.a.) projetada para o fim de 2025 se manteve em 14,75%, há um mês atrás era 14,75%. Para o final de 2026 se manteve em 12,50%, há um mês atrás era 12,50%.
Segunda-feira (26/05/2025)
O mercado de juros operou com liquidez reduzida devido ao feriado do Memorial Day nos EUA, o que limitou os negócios e manteve as taxas próximas da estabilidade. Pela manhã, houve viés de baixa nos vencimentos curtos e alta nos longos, mas à tarde os curtos firmaram queda leve e os longos perderam força. A expectativa em torno do IPCA-15 de maio, a ser divulgado no dia seguinte, trouxe algum alívio à curva. O DI jan/26 caiu para 14,71% e o jan/27 para 13,96%. Discussões com o Banco Central indicaram projeções de PIB mais fortes, elevando o risco inflacionário, enquanto mudanças no IOF reforçaram a percepção de manutenção da Selic em 14,75%. A curva precificava 66% de chance de manutenção da Selic em junho e 34% de alta de 25 pontos-base. O Focus trouxe poucas mudanças, mantendo a Selic projetada em 14,75% para 2025.
Terça-feira (27/05/2025)
As taxas de juros futuros caíram com força, impulsionadas pela queda dos rendimentos dos Treasuries e pela surpresa positiva do IPCA-15, que veio em 0,36%, abaixo da mediana de 0,44%. Isso reforçou a percepção de fim do ciclo de alta da Selic e aumentou as apostas em cortes ainda em 2025. O DI jan/26 recuou para 14,69%, o jan/27 para 13,86% e o jan/29 para 13,39%. A leitura favorável dos preços de serviços subjacentes e o impacto esperado do aumento do IOF sobre o crédito contribuíram para o alívio. A precificação de corte da Selic em dezembro subiu para 22 pontos-base. O leilão de NTN-B foi bem recebido, com taxas abaixo do consenso. No radar, a possível suspensão do decreto do IOF ganhou força no Congresso.
Quarta-feira (28/05/2025)
O mercado devolveu parte das quedas recentes, com alta nas taxas diante da piora na percepção de risco relacionada ao decreto do IOF. O DI jan/26 subiu para 14,73% e o jan/27 para 13,95%. A pressão foi maior pela manhã, mas perdeu força à tarde, mesmo com o Caged de abril acima das expectativas (257.528 vagas). A incerteza sobre a manutenção do decreto do IOF e seus impactos fiscais gerou cautela. Apesar disso, o mercado interpretou que o dado do Caged não seria suficiente para alterar a decisão do Copom em junho. No exterior, os Treasuries também subiram, com destaque para os leilões do Tesouro dos EUA e a pressão sobre os títulos ultralongos do Japão.
Quinta-feira (29/05/2025)
As taxas de juros voltaram a subir, influenciadas por dados que indicam atividade econômica ainda aquecida. A taxa de desemprego da Pnad caiu para 6,6%, e os dados de crédito mostraram crescimento nas concessões. O DI jan/26 foi a 14,755% e o jan/27 a 14,04%. A percepção de que o segundo trimestre não trará a esperada desaceleração da atividade reduziu as apostas em cortes da Selic ainda este ano. A curva precificava apenas 11 pontos-base de queda em dezembro. O impasse sobre o IOF continuava no radar, mas o governo ganhou tempo com o apoio do presidente da Câmara para buscar alternativas. O leilão de prefixados foi robusto e absorvido integralmente.
Sexta-feira (30/05/2025)
Encerrando a semana, o mercado estendeu a alta das taxas, com o PIB do 1º trimestre crescendo 1,4%, reforçando a resiliência da atividade. O DI jan/26 subiu para 14,79% e o jan/27 para 14,12%. A composição do PIB, com destaque para o setor agropecuário e outros segmentos, indicou crescimento disseminado. A curva refletiu menor probabilidade de cortes da Selic em 2025. O superávit primário de abril veio abaixo do esperado e a dívida bruta subiu para 76,2% do PIB, elevando preocupações fiscais. A desvalorização do real e o cenário externo, com tensões comerciais entre EUA e China, também pressionaram a curva.
Segunda-feira (02/06/2025)
O mercado de juros iniciou a semana com alta nas taxas futuras, especialmente nos vértices longos, enquanto os curtos ficaram estáveis. A curva ganhou inclinação diante da percepção de um cenário inflacionário mais benigno, impulsionado pela queda no preço da gasolina anunciada pela Petrobras e pela melhora nas expectativas do IPCA no Boletim Focus. No entanto, os rendimentos dos Treasuries americanos subiram após o anúncio de aumento de tarifas sobre o aço pelo presidente Donald Trump, o que pressionou as taxas longas. A decisão da Moody’s de revisar a perspectiva da nota do Brasil de positiva para estável teve impacto limitado, já que o mercado já precificava esse movimento. A liquidez foi reduzida, típica de uma segunda-feira, com investidores aguardando os eventos da semana.
Terça-feira (03/06/2025)
As taxas longas caíram ao longo do dia com a expectativa de anúncio de medidas alternativas ao aumento do IOF, mas o movimento perdeu força após o ministro Fernando Haddad afirmar que nada seria anunciado antes de reuniões com líderes políticos. A curva curta e intermediária reverteu o viés de baixa e passou a subir levemente. O mercado manteve otimismo com a possibilidade de soluções estruturais para o ajuste fiscal, como a desvinculação de pisos constitucionais. A produção industrial de abril veio abaixo do esperado, mas não alterou a percepção sobre a política monetária. No leilão de NTN-Bs, o Tesouro vendeu toda a oferta, mas com taxas mais altas, refletindo maior incerteza fiscal.
Quarta-feira (04/06/2025)
A curva de juros apresentou leve desinclinação, com alta nas taxas curtas e queda marginal nas longas. O alívio na ponta longa veio da forte queda nos rendimentos dos Treasuries, após dados fracos nos EUA aumentarem as apostas em cortes de juros pelo Fed. No entanto, o impacto foi limitado pelas incertezas fiscais internas, especialmente pela falta de clareza sobre as medidas compensatórias ao IOF. O governo apresentou propostas que incluem revisão de benefícios fiscais e aumento de dividendos do BNDES, mas sem definições concretas. A emissão de bônus externos pelo Tesouro foi bem recebida, aproveitando a janela de fechamento da curva americana.
Quinta-feira (05/06/2025)
Os juros futuros subiram de forma expressiva, com o mercado passando a precificar majoritariamente uma nova alta da Selic em junho, e até mesmo em julho. A mudança de percepção foi impulsionada por dados fortes de atividade e declarações mais cautelosas de membros do Banco Central, como Galípolo. No exterior, o BCE cortou juros, mas adotou tom hawkish, o que também pressionou as curvas globais. Internamente, o noticiário fiscal continuou preocupando, com o ministro Haddad buscando receitas extraordinárias. O Tesouro teve forte atuação no mercado primário, com emissões acima da média, o que reforçou a percepção de pressão sobre a dívida pública.
Sexta-feira (06/06/2025)
Após uma manhã de alta, os juros inverteram o sinal e fecharam em queda, com melhora na percepção sobre as medidas fiscais em discussão e valorização do real. A reunião marcada para domingo entre Executivo e Legislativo trouxe esperança de soluções mais robustas. A queda do dólar e o bom desempenho do peso mexicano ajudaram o real, que foi a segunda moeda mais forte do dia. No exterior, os dados de emprego nos EUA vieram mistos, com criação de vagas acima do esperado, mas revisões negativas nos meses anteriores. A curva de juros americana subiu, mas o impacto foi neutralizado pelo otimismo fiscal doméstico. A precificação para o Copom de junho ainda indica chance relevante de alta de 25 pontos-base.
Fonte: Broadcast
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