Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros
Principal(is) vetor(es): A semana foi marcada por forte pressão altista na curva de juros, com destaque para a reprecificação dos vértices intermediários e longos, refletindo o aumento da percepção de risco fiscal. O movimento começou com discursos conservadores do Banco Central e dados mistos do mercado de trabalho, mas ganhou intensidade após a aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda pela Câmara, sem garantias claras de compensação fiscal. A possibilidade de novas medidas populistas, como a gratuidade das tarifas de ônibus, ampliou a aversão ao risco. No campo macroeconômico, a produção industrial surpreendeu positivamente, reforçando a leitura de que o ciclo de cortes da Selic pode ser adiado. Como resultado, os DIs de 2029 e 2031 subiram cerca de 30 pontos-base na semana, enquanto o de 2027 avançou 12 pontos. A curva ganhou inclinação, refletindo um cenário de maior incerteza fiscal e menor probabilidade de flexibilização monetária no curto prazo.
Destaque(s): Risco Fiscal e Produção Industrial
📉 Expectativas de Mercado para a Selic (DI Futuro da B3)
O mercado de juros futuros (DI da B3) reduziu suas expectativas de cortes na taxa Selic em relação à sexta-feira anterior.
Para o horizonte até a 4R/2027, a projeção acumulada de queda passou de -246,7 para -216 pontos-base.
Para as próximas 10 reuniões do Copom,a expectativa de corte reduziu de -215,7 para -191,2 pontos-base, com o CDI projetado para o fim de 2026 em 12,99%, ante 12,74% na semana anterior.
Para o fim de 2025 (próximas 2 reuniões), houve uma alteração marginal na expectativa de corte: de -3,1 para -1 pontos-base, com o CDI terminal projetado em 14,89% ao ano, ante 14,87% na semana anterior.
📊 Expectativas dos economistas(Boletim Focus-Mediana dos últimos 5 dias):
Para 2025, a projeção indica manutenção , com o CDI encerrando o ano em 14,90%.
Para 2026, a mediana Focus aponta um CDI terminal de 11,90%, equivalente a -300 pontos-base de corte. .
Para o horizonte até a 4R/2027, a projeção acumulada considera -400 pontos-base de queda.
No Relatório de Mercado Focus da semana, a projeção para a inflação oficial de 2025 caiu de 4,81% para 4,80%. Há um mês, a mediana era de 5,09% , acima do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%, e do alvo central de 3,0%. Para 2026, a projeção se manteve em 4,28% para 4,28%, enquanto há um mês estava em 4,44%.
A mediana da Taxa Selic – Meta (% a.a.) projetada para o fim de 2025 se manteve em 15,00%, há um mês atrás era 15,00%. Para o final de 2026 se manteve em 12,25%, há um mês atrás era 12,50%.
Os juros futuros inverteram a tendência de queda observada no início do pregão e encerraram o dia em alta, descolando-se do ambiente externo mais favorável e da queda do dólar. A virada ocorreu após a divulgação do Caged de agosto, que mostrou criação de 147.358 vagas formais — abaixo da mediana de 182 mil — mas não suficiente para conter a pressão altista na curva. O movimento foi atribuído a discursos conservadores de membros do Banco Central, como Diogo Guillen e Gabriel Galípolo, que reforçaram o desconforto com a inflação de serviços e a desancoragem das expectativas. A percepção de que a Selic permanecerá elevada por mais tempo ganhou força, com o mercado precificando um cenário de manutenção prolongada da taxa básica. A curva de juros refletiu esse sentimento, com altas em todos os vértices, especialmente nos contratos de longo prazo.
Em um dia de agenda cheia, mas com baixa liquidez, os juros futuros apresentaram leve queda nos vértices intermediários e longos, enquanto os curtos ficaram próximos da estabilidade. A perda de inclinação da curva refletiu sinais iniciais de arrefecimento do mercado de trabalho, com destaque para a queda de 0,2% na população ocupada, segundo a Pnad Contínua. Apesar da taxa de desemprego estável em 5,6%, o dado foi interpretado como indício de desaceleração. O leilão de NTN-B com volume reduzido também contribuiu para aliviar a pressão sobre as taxas. No campo fiscal, o déficit primário de R$ 17,255 bilhões em agosto veio melhor que o esperado, e o Tesouro revisou para cima a estimativa de estoque da dívida pública. A comunicação ainda conservadora do BC, somada aos dados de emprego, ajudou a conter a abertura da curva, reforçando a expectativa de manutenção da Selic em patamar elevado.
Os juros futuros encerraram o dia em leve alta, contrariando o alívio vindo do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries recuaram após dados fracos de emprego nos EUA e o início do shutdown do governo americano. No Brasil, o foco esteve nas incertezas fiscais, especialmente em torno da votação da reforma do Imposto de Renda e da decisão do TCU sobre o cumprimento da meta fiscal. A possibilidade de judicialização do tema e a ausência de medidas compensatórias para a ampliação da faixa de isenção do IR aumentaram a percepção de risco fiscal. Apesar da queda no PMI industrial para 46,5 pontos, indicando retração da atividade, e da leve alta na confiança empresarial, o mercado manteve a leitura de que o BC seguirá com a Selic em 15% por um período prolongado. A curva de juros refletiu esse cenário, com elevação mais acentuada nos vértices longos.
Os juros futuros subiram com força, especialmente nos vértices mais longos da curva, refletindo o aumento da percepção de risco fiscal após a aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda pela Câmara dos Deputados. A proposta, que amplia a faixa de isenção para rendas de até R$ 5 mil, gerou dúvidas sobre a efetividade das medidas compensatórias, como a tributação de dividendos e rendas elevadas. Além disso, rumores sobre uma possível proposta do governo para zerar tarifas de ônibus no país ampliaram o temor de medidas populistas com impacto fiscal elevado. O ambiente de cautela foi reforçado pela proximidade do ano eleitoral, o que pode estimular a tramitação de pautas com forte apelo popular. A curva de juros respondeu com abertura significativa, com os DIs de 2029 e 2031 subindo mais de 10 pontos-base. O leilão do Tesouro, com grande volume de títulos prefixados, também contribuiu para o movimento, embora a semana tenha sido considerada de menor risco nos leilões, segundo analistas.
Encerrando a semana, os juros futuros mantiveram a trajetória de alta, ainda sob o impacto da deterioração fiscal provocada pela reforma do IR e pelos rumores de novas medidas de expansão de gastos. A produção industrial de agosto, que cresceu 0,8% frente à expectativa de 0,3%, adicionou pressão à curva ao reduzir as apostas de corte da Selic no início de 2026. A ausência do payroll americano, adiado por conta do shutdown nos EUA, fez com que o foco permanecesse no cenário doméstico. A curva a termo passou a embutir menor probabilidade de corte da Selic em janeiro (de 48% para 44%) e projetou uma taxa básica mais alta para o fim de 2026. O DI para janeiro de 2031 chegou a abrir 13 pontos-base, refletindo o aumento da aversão ao risco. No acumulado da semana, a curva ganhou inclinação, com os vértices de 2029 e 2031 subindo cerca de 30 pontos-base, enquanto o de 2027 avançou 12 pontos-base. O Santander revisou para baixo suas projeções de inflação, mas manteve o cenário de início de flexibilização monetária apenas em 2026, com possibilidade de adiamento para março.
Fonte: Broadcast
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